Na educação física das escolas pouco se trabalha a psicomotricidade. Professores aderem mais aos esportes.
Conheça a psicomotricidade aplicada à educação física
Quando faziam pós-graduação em Psicomotricidade, os professores José Ricardo e Marcus Vinícius notaram que pouco se trabalha, na Educação Física, aspectos relacionais. Isto é, tratar temas como agressividade, limites, afetividade, corporeidade, comunicação e expressão. “Muitas vezes isso não é abordado na escola, não se trabalha as relações entre as crianças, e isso merece mais atenção dos pais e dos educadores”, opina Vinícius.
Por isso, eles lançaram o livro 100 Jogos Psicomotores: uma Prática Relacional na Escola, pela WAK Editora. Abaixo, cinco atividades possíveis para se fazer no colégio. Os professores não indicam faixas etárias específicas para cada uma, e a ideia é que cada profissional possa adaptá-la à sua turma.
Banco Ordenado:
Essa brincadeira precisa de um banco sueco, daqueles compridos e baixos. O professor deve pedir que as crianças subam no banco como quiserem, como se organizarem melhor. Aí se pede que, sem descer, elas se enfileirem pela ordem da chamada. “Os alunos vão ter que se virar para deixar os outros passarem, para que o primeiro fique na frente e o último atrás. Eles vão ser obrigados a dar lugar para o colega, o que é uma boa maneira de trabalhar a agressividade”, explica Vinícius.
Caminhada a Três:
O jogo trabalha a comunicação e a afetividade entre os colegas. Três alunos amarram a perna na do colega, um do lado do outro, formando trios. Eles devem caminhar pelo pátio, e isso só será possível coordenando os movimentos. A ideia é estabelecer o respeito pelo ritmo de cada um.
Casa-Hóspede-Construção-Terremoto:
O nome é longo, mas a atividade é bem simples e é ótima para trabalhar a corporeidade. As crianças devem formar trios, sendo que duas se dão as duas mãos e uma fica no meio (como se estivesse com um bambolê, mas com braços). É como se a dupla fosse uma casa e quem está dentro é o hóspede, sendo que um aluno do grupo inteiro deve estar sem trio. O professor então conta uma história. Se ele diz ‘hóspede’, essas pessoas devem procurar outra ‘casa’. Se diz ‘casa’, a dupla tem que buscar um novo hóspede. Quando o educador falar ‘construção’, as pessoas quem formam a ‘casa’ separam-se e formam novas ‘casas’. Já o ‘terremoto’ serve para que todos se misturem e formem novos trios.
Espião:
Para focar na atenção que um colega tem com o outro, vale a pena brincar de espião. Os estudantes devem fazer duas filas paralelas. Os colegas então devem se virar para os da fila oposta e observar o aluno que está à sua frente de cima a baixo. Aí todos ficam de costas e fazem uma pequena mudança (desamarra um sapato, tira um brinco, bota a camiseta para dentro etc). Quando se virarem de novo, a criança da frente deve procurar o ‘erro’.
Esculturas Vivas:
Também para tratar de corporeidade, todos formam uma grande roda, e um dos alunos fica no centro do círculo. Todos se vendam, menos esse do meio, que deve fazer uma pose (por exemplo, de super herói). O educador deve descrever para os outros essa pose com dicas amplas (como dizer que um braço está levantado, mas não dizer qual deles), e as crianças, que apenas ouvem, devem tentar recriá-la. “É uma maneira que vai muito além do movimento, é para que a criança consiga se expressar da maneira que ela quiser”, afirma Vinícius.